quinta-feira, abril 15, 2010

O Quê Há de Errado com Niterói?

A orgulhosa (dita) quarta cidade em qualidade de vida do país foi duramente atingida pelo dilúvio da semana passada: se além de notarmos que o número absoluto de vidas fatais, antes da vergonhosa tragédia do morro do Bumba, já era quase o dobro das fatalidades da cidade do Rio, que tem da ordem de 12 vezes a sua população, verificamos que a taxa de casualidades per-capta da “cidade sorriso” foi algo entre 20 e 25 vezes a sofrida pela capital. Como se explica isso? Sabemos, mesmo sem medir (o único pluviômetro da cidade está desativido por falta de locação adequada [?]), que a intensidade da chuva aqui não foi significativamente maior ou mesmo distinta da do Rio. Podemos razoavelmente inferir que a geologia das duas cidades tão próximas também não devem ser tão diferentes assim, em especial em áreas passíveis de ocupação humana, já que Niterói não tem as belas, altas mas escarpadas e inabitáveis (encostas de) montanhas da cidade maravilhosa. Não há nada que indique também uma especial propensão dos niteroienses por arriscar suas vidas procurando locais impróprios e perigosos para construir seus lares e que portanto é razoável supor-se que um local de risco em Niterói onde ainda seja possível erguer-se uma moradia não seja em muito diferente de seus congêneres do Rio. Considerando-se todos esses aspectos, o que resta para ser distintivo e determinante para a escala do desastre que vivenciamos? Apenas a inação e a irresponsabilidade dos sucessivos e continuados governos municipais. Nesse sentido, soou como escárnio e um profundo desrespeito às inúmeras vidas perdidas, ainda com seus restos mortais insepultos e soterrados por lixo, à dor de seus familiares e ao nosso bom senso, a declaração do senhor prefeito Jorge Roberto da Silveira comparando o que ocorreu no morro do Bumba às verdadeiras tragédias naturais recentes do terremoto do Chile ou da tsunami do sudeste da Ásia. Senhor prefeito, tenha respeito!

Um comentário:

ljh disse...

bom texto