domingo, março 12, 2006

Guerra Cultural: Front na Educação e Retaguarda na Mídia

O JB de hoje publicou em sua segunda página reportagem de Leandro Mazzini com o título "Militares censuram Guevara em sala de aula". A reportagem trata da proibição de exibição do filme "Diários de Motocicleta" para 90 alunos de três turmas de sétima série da escola Fundação Osório, "entidade de direito público vinculada ao Comando do Exército.
O repórter, como habitual nesses casos, faz de seu texto arma de propaganda contra a força terrestre em geral e contra a direção da escola em particular: "[o general Ney Oliveira] foi indicado pelo general Francisco Albuquerque, o mesmo que deu carteirada em um avião da TAM há 11 dias em Campinas." Aqui, o diligente agente orgânico não se acanha em lançar mão de fato totalmente alheio ao objeto de sua "reportagem", nem de esconder seu mal disfarçado ódio, para reforçar seu intento em desmoralizar a direção por vício de origem, já previamente rotulada de "censora" logo na chamada de seu texto.
Mais adiante, incontido em seu proselitismo "politicamente correto", o agente-repórter destila: "[o filme] foi exibido mundo afora (...), mas acabou sendo censurado, em um ponto do planeta onde a liberdade de expressão deve ter mais poder que a mensagem nas telas: dentro de uma sala de aula". Ora, que grande asneira senhor repórter, sala de aula não é palanque político nem tribuna para a livre veiculação de idéias que passem pelas cabeças vazias de qualquer professor. Muito menos pode existir algo como liberdade de cátedra nos ensinos fundamental e médio. O conteúdo, respeitados os ditames mínimos do MEC, e a forma com que é passada aos alunos é de responsabilidade da direção de qualquer escola e dos pais que devem acompanhar de perto o que é ministrado aos seus filhos. Minha filha estuda em uma escola que escolhi por que confio na linha educacional que a diretora e proprietária mantém a mais de trinta anos, independentemente da professora de plantão em sala de aula, e vigio de perto o que lhe é ensinado. Se discordar, vou reclamar a quem de direito.
O coordenador de geografia da escola, professor Maurillo Neto, que saiu em defesa da professora que iria exibir o filme, cujo nome foi cuidadosamente omitido, mostrou sua revolta contra a decisão da direção: "A escola desestimula atá a projeção de filmes, (...) numa clara demonstração de autoritarismo (...), dignos de uma ditadura." Meu caro coordenador, se eu fosse o diretor, você seria demitido ou afastado de sua coordenação. Uma escola não é e não deve ser estruturada como uma "democracia", soviete ou "assembléia permanente". Se há um lugar onde hierarquia e disciplina devam estar presentes é na escola, sem o que só restará balburdia e caos, que é o que, aliás, muitos desejam. Tais valores são na verdade uns dos principais a serem transmitidos aos alunos. A direção, ao contrário do que prega o coordenador, entende e assume sua responsabilidade para com alunos e pais ao recomendar que os departamentos "exerçam efetivo controle das atividades de ensino (...), particularmente quanto aos meios de instrução (...) utilizados durante as aulas". Bravo, senhor diretor!
Para não se sentir só em seu proselitismo contra a direção da fundação, típico dos raids esquerdistas, o repórter foi buscar respaldo com especialistas em educação, e o senhor Rubem Alves nos sai com a pérola de diversionismo: "É um sistema ditatorial dentro de um sistema democrático. Uma instituição educacional tem o dever de prezar pela liberdade de informação. A censura é uma contradição entre as práticas no colégio (SIC) e o que é essencial numa sociedade. É impensável a intimidação de professores". Durma-se com um barulho desses: escolas deveriam ser arenas livres para o pleno fluxo de todas as informações ao bel prazer de quem decidir veiculá-las. E eu que sempre pensei que modular a transmissão de certas informações em consonância com a idade e a maturidade dos alunos fosse missão essencial do processo educacional.
Quanto ao mérito em si sobre a exibição ou não do filme, o diretor da escola, o coronel Geraldo Alonzo, resumiu bem: "Tenho que dar uma educação que seja propícia para todos os alunos. [O filme] não soma nada em termos educacionais (...)". O que o diretor não disse é que a não exibição do filme poupou seus alunos de uma propaganda que faria exaltação sutil e subliminar a um facínora cuja imagem continua estampada em bandeiras e camisetas pelo mundo. É irrelevante que o filme não faça mensão a vida guerrilheira-terrorista posterior da personagem. Para crianças de doze anos a mensagem que ficaria seria "poxa, que cara maneiro", o que não passa nem perto da verdade.

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